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O presidente Marcelo Rebelo de Sousa enviou uma mensagem a toda a nação Portuguesa 🇵🇹

Num momento particularmente difícil para todos os portugueses e para o mundo, Marcelo deixou uma mensagem de esperança:

Um Natal em pandemia

 

Portugal conheceu, na vida dos menos jovens, Natais em guerra. Recordam-no os de mais de 90 anos, do fim da sua infância ou começo da adolescência. Uma guerra lá fora, mas com constrangimentos cá dentro, por exemplo em matéria de abastecimento de certos bens ou ainda de algum sobressalto no início da década de quarenta. Recordam-no, sobretudo, os que têm hoje acima dos 60 anos, em particular os que vieram de África depois de 1974 e os que combateram em Angola, Guiné e Moçambique. Essas memórias continuam impressivas, mesmo para os que apenas acompanharam esses tempos através da televisão censurada e das mensagens dos nossos militares pelo Natal.

 

Portugal conheceu, na vida de menos jovens e mais jovens, Natais em crise financeira e económica e, decorrentemente, social. Recordam-no menos jovens e mais jovens de várias gerações. A começar no que aparentava ser crescimento económico mas se traduziria na emigração de um milhão de portugueses, entre o começo da década de 60 e 1974, e a continuar nas crises nos anos 70, 80 e segunda década do século XXI, diversas entre si, mas todas determinando intervenções internacionais.

 

Portugal conheceu, em momentos diferentes, Natais com pobreza muito vasta, ou com permanência de pobreza estrutural incompressível – ou seja, de dificílima redução -, ou com essa pobreza ampliada pelas crises económicas e financeiras. Portugal conheceu Natais com surtos epidémicos antes da Democracia e já em Democracia, mas de duração limitada, para além desses Natais.

 

O Natal de 2020 é uma realidade substancialmente nova. É passado em pandemia. A pandemia atingiu-nos há dez meses. Apesar da esperança nas vacinas, ela está para ficar semanas e meses, ninguém sabendo ou podendo prever quantos. Com a pandemia sanitária afirmou-se uma pandemia económica e social – a acrescer aos problemas de fundo da nossa economia e da nossa sociedade. O aumento da pobreza e das desigualdades foi um efeito imediato das duas pandemias. Numa palavra, o Natal de 2020 é vivido com duas pandemias simultâneas e com dramática vivência de agravados fossos sociais. E esta junção de crises converte este Natal num terreno nunca experimentado.

Nas consequências psicológicas das pandemias. Na mudança de comportamentos sociais. Na alteração de relações comunitárias. Na ausência de padrões comparativos que permitam medir o alcance e a profundidade do que se mudou, do que se alterou, do que vai ficar, do que irá partindo à medida que a pandemia se atenua e que a recuperação e a recriação económica e a correção das desigualdades se tornam visíveis.

Claro que o mais urgente é olhar para o Natal de 2020 com uma visão de prazo mais curto – evitar que ele crie condições objetivas para um arranque negativo ou muito negativo de 2021. E tudo o que pudermos fazer para acautelar as semanas e os meses mais próximos, deve ser feito. Mas há e deve haver um outro olhar para o Natal de 2020. O que implica uma visão de médio prazo. O consenso alargado para criar condições para um melhor arranque de 2021, em termos de pandemia sanitária, deve estender-se ao que vão ainda ser meses de surto e sua prevenção, enquanto a vacinação avança.

Como se deve estender à preocupação com a pandemia económica e social. Que irá dominar 2021, em especial quando a pandemia sanitária se for esbatendo. Consenso alargado, estabilidade, reforço da coesão social, existência de referenciais de confiança. Eis o que o Natal de 2020 exige de todos nós, portugueses, continua a exigir agora e continuará a exigir por mais algum tempo.

Desde março, temos demonstrado estar à altura de tal exigência. Não iremos esmorecer, nestes dias, por entre a alegria responsável do reencontro e a redescoberta do valor da esperança na resistência às dificuldades. Já percorremos tanto caminho juntos e com inabalável determinação, que nada poderá levar-nos a deitar a perder o realizado.

Com hesitações, descontinuidades, tergiversações. Todas elas dispensáveis e mesmo contraproducentes. O desafio é importante demais e o tempo premente demais, também ele, para comportarem outra coisa que não seja continuar o feito e acelerar o que, na mesma linha, há que fazer.”

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